Quando ouve falar em legionella, é provável que fique preocupado com os efeitos da doença transmitida por esta bactéria. A doença dos legionários.

E o caso não é para menos. Sobretudo tendo em conta que se trata de um problema de saúde pública extremamente perigoso e de risco incalculável.

Uma pneumonia é desde logo a manifestação violenta da doença, agravada pela resistência da bactéria.

O caso volta a ser notícia em Portugal. 3 anos depois das 12 mortes em 400 doentes no surto de Vila Franca de Xira, a bactéria volta a fazer estragos. Desta vez no hospital de São Francisco Xavier. E com uma contabilidade que não está fechada, porque a qualquer momento o número de infectados e de vítimas mortais pode sofrer actualizações. Pelo menos até ao início da próxima semana, quando - de acordo com o ministro da Saúde - terá sido atingido o pico máximo da incubação.

Contudo, o historial da legionella em Portugal nos últimos anos - poucos anos, diga-se - revela números que provavelmente poderão surpreender. Entre 2005 e 2015 morreram 100 pessoas em Portugal, vítimas da doença dos legionários.

E em 2015, só na Europa, mais de 7 mil pessoas terão sido infectadas. A maior parte em França, que é também o país com maior número de mortes por legionella: 117 há dois anos.

Mas esta chamada doença dos legionários tem história. Nunca deu por si a perguntar "mas porque razão doença dos legionários?"

Aqui vai uma breve resenha histórica.

A 26 de Agosto de 1976, as autoridades de saúde norte-americanas davam conta de uma nova epidemia após um congresso de veteranos da Legião Americana num hotel em Filadélfia.

Foram dias quentes na cidade mais populosa do estado da Pensilvânia, e os quartos do Hotel Bellevue apresentavam temperatura fresca e agradável por via do ar condicionado.

Mais de quatro mil veteranos reuniram-se ali para o Congresso da Legião Americana. E ao segundo dia do encontro, alguns apresentavam sintomas de febre e tosse, que são os primeiros sintomas de pneumonia.

No espaço de 10 dias, mais de 200 estavam contaminados: a maioria necessitou de internamento de internamento em cuidados intensivos. 34 pessoas morreram.

Inicialmente, a comunidade científica investigou a possibilidade de peste suina.

Passaram-se seis meses até os investigadores descobrirem um novo tipo de bactéria que circulava através das gotículas libertadas pelo ar condicionado. E quem as inalasse ficava contaminado. A bactéria foi então baptizada de legionella. E a doença é a dos legionários. Precisamente porque os primeiros a serem contaminados foram precisamente os veteranos da Legião Americana.

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