O governo do Reino Unido confirmou esta segunda-feira a morte de oito crianças na sequência de um surto de escarlatina.

O executivo de Rishi Sunak garantiu que o serviço nacional de saúde britânico tem condições para lidar com o problema, mas pede aos pais que estejam atentos aos sintomas dos filhos.

Em declarações à Renascença, o investigador Miguel Castanho, do Instituto de Medicina Molecular, reconhece que o número de mortes registadas até ao momento no Reino Unido “é muito pequeno, comparado com o número total de casos” e não vê, por isso, motivos para alarme em Portugal.

Segundo este especialista, “não estamos perante uma bactéria nova ou mutante que, de repente, tornou-se muito perigosa e começou a causar muitos casos de escarlatina e alguns casos mortais. A questão é que há um número anormal de casos de escarlatina, mas causados pela bactéria que já conhecemos”.

O uso da máscara durante bastante tempo e os confinamentos da pandemia explicam a perda da imunidade natural à bactéria estreptocócica, responsável pela escarlatina.

“Os casos que, naturalmente, se estenderiam por dois ou três anos, acabam por aparecer todos agora, mas não é algo substancialmente novo. O número anormal explica-se, em princípio, até prova em contrário, pelo facto de não termos adquirido imunidade natural ao longo do último par de anos, o que faria diluir o número de casos”, explica.

Gripe, Covid-19 ou Escarlatina? Sintomas semelhantes confundem

A escarlatina é uma doença que, na maior parte dos casos, não traz complicações graves. Geralmente, começa por uma amigdalite ou faringite, acompanhada de febre, dores de cabeça, mal-estar geral, náuseas e vómitos.

“O facto de os sintomas serem muito parecidos com os da gripe ou, mesmo da Covid-19, e o facto de também a gripe estar com uma incidência alta, fruto de não ter havido uma imunidade natural, faz com que os pais possam não ter relacionado, desde logo, o aparecimento dos primeiros sintomas com a escarlatina”, reconhece o investigador.

Mas a escarlatina manifesta-se, também, com uma característica que a distingue de outras doenças do trato respiratório: manchas vermelhas na pele, muitas vezes também visíveis na língua que ocorrem por causa da dilatação dos vasos sanguíneos da pele, provocada por uma toxina produzida pela bactéria.

“Se para além da febre e das dores de garganta e da febre alta, aparecerem manchas vermelhas na pele ou pintinhas na língua – aquilo que a vulgarmente chamamos a língua de morango - nesses casos, é necessário que os pais investiguem o que se passa, seja através da Linha SNS 24 ou através do pediatra assistente, porque a criança tem de ser observada”, aconselha Miguel Castanho.


[notícia corrigida quanto ao cargo do investigador]

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