O grupo de docentes portugueses, que pede o repatriamento, por falta de segurança em Timor-Leste, já está em Dili depois de em Baucau ter sido agredido e ameaçado. No entanto, o “medo mantém-se”, afirma uma das professoras em declarações à Renascença.

Há quem em Timor-Leste pense que foram os professores portugueses que chegaram ao território para dar aulas a trazer o vírus para aquele país, que até há bem pouco não registava nenhum infetado pelo COVID-19.

Com receio de represálias, a docente conta à Renascença sob anonimato que “o grupo está num hotel”, mas que ela está a pensar “ficar num convento, porque é onde a segurança é maior”.

Alem disso refere, “no hotel temos de ser nós a pagar e são 800 dólares mensais para duas pessoas”.

“O medo e a insegurança é muito grande” refere a professora acrescentando que “ninguém do grupo se sente seguro em Dili. Todos querem o repatriamento para Portugal”. Até porque diz, “pode acontecer o mesmo que sucedeu em Baucau, quando a casa dos professores foi invadida”.

“Uma pessoa entrou e apertou-me o pescoço e só foi embora porque eu gritei, e não foi a única vez”, conta.

Na capital Dili, o cenário “não é melhor” porque as pessoas “insultam-nos, ameaçam-nos, acusam-nos de transmitirmos o vírus. Não é seguro”.

Esta professora diz que a embaixada portuguesa conseguiu que o grupo de professores fosse levado para Dili, mas quanto ao regresso para Portugal” não há garantia nenhuma”. E o medo, diz “é muito grande “.

Neste momento, segundo conta à Renascença um familiar desta professora, “o ministério da Educação de Timor está a tentar resolver o problema dos portugueses. Tem havido reuniões, mas nada de concreto”. “Eles só querem vir embora “, lamenta.

Estes 12 professores, que chegaram a Timor a 28 de fevereiro deste ano, fazem parte de um grupo de 140 docentes portugueses que dão aulas em Timor, ao abrigo de um protocolo entre os Governos dos dois países.

Ministério dos Negócios Estrangeiros acompanha

Em resposta ao pedido de esclarecimentos da Renascença sobre esta situação, o gabinete de imprensa do Ministerio português dos Negocios estrangeiros refere que “por indicação da nossa embaixada em Díli, os professores destacados em Baucau viajaram para Díli, onde já se encontram. As condições de segurança dos professores e outros cooperantes portugueses em Timor-Leste estão a ser analisadas, assim como a evolução da situação em termos de saúde pública e de funcionamento do sistema educativo nesse país, para ajuizar da necessidade e possibilidade de operações de apoio ao regresso a Portugal”.

Quanto às agressões e ameaças de que foram alvo os professores, a mesma fonte diz que “Tratou-se de um episódio pontual, que aparentemente se deveu a notícias falsas e rumores que circularam esta semana, que tentaram relacionar o primeiro caso confirmado de covid-19 em Timor-Leste com outro caso suspeito em Baucau”, refere o Governo.

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