A situação está calma em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, mas tudo pode mudar quando forem conhecidos os resultados das eleições deste domingo, diz à Renascença o português Manuel Nunes.

Gerente de um restaurante da cidade, Manuel Nunes relata que “o domingo tem sido relativamente calmo”, apesar dos problemas relacionados com o processo eleitoral.

“Temos uma grande quantidade de trabalhadores locais e tivemos de organizar as equipas de maneira a que todos possam votar. A circulação de carros é inferior aos outros domingos, mas até agora está tudo calmo. Há aqueles problemas logísticos das eleições, algumas máquinas de voto não funcionam bem, mas até agora na calma total”, afirma.

O português, que nasceu há quase meio século no Congo, adianta que já viveu momentos piores naquele país.

“Tenho 48 anos, nasci aqui, e de uma maneira geral está muito calmo para o que eu já aqui vivi. Houve mais estabilidade e a coisa está mais controlada agora do que esteve noutras alturas.”

Contudo, a 6 de janeiro, dia em que serão anunciados os resultados, poderão ocorrer tumultos, alerta.

“Segundo a Comissão Nacional de Eleições, os resultados estão previstos para dia 6 de janeiro. A experiência diz-me que por volta de dia 6, mais dia menos dia, pode haver tumultos, porque o povo não acredita, diz que o resultado já está apurado ainda antes de haver eleições. É capaz de haver tumultos e estamos a preparar-nos. A experiência também nos diz que aqui o povo pode fazer barulho durante um ou dois dias, mas ao terceiro acaba-se o barulho”, espera Manuel Antunes.

As eleições legislativas e presidenciais deste domingo ficam marcadas por um incidente grave, que provocou dois mortos.

Um policia e um civil morreram depois de uma discussão sobre uma alegada fraude no ato eleitoral.

O civil em causa foi abatido a tiro pelo policia, depois de uma multidão ter acusado um dos responsáveis pela assembleia de voto de fraude. A multidão espancou depois, até à morte, o agente da autoridade.

O incidente terá ocorrido na cidade de Walungu, na provincia de Kivu Sul, a centenas de quilómetros a leste de Kinshasa.