O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia classificou como "um passo perigoso" a retirada dos EUA do tratado sobre armas nucleares, anunciada no sábado pelo Presidente norte-americano.

Este domingo, em declarações à agência russa TASS, Serguei Riabkov afirmou que o acordo assinado durante a Guerra Fria é "significativo para a segurança internacional e a segurança nuclear, para a manutenção da estabilidade estratégica".

A retirada dos Estados Unidos "será um passo muito perigoso, que não será cumprido pela comunidade internacional e vai mesmo suscitar condenações sérias".

O vice-ministro russo condenou ainda o que chamou de tentativas norte-americanas de obter concessões "com um método de chantagem".

Se os Estados Unidos continuam a agir "de maneira maldosa e grosseira" e se retiram unilateralmente de tratados internacionais, a Rússia "não terá outra alternativa senão "tomar medidas de retaliação, inclusive em relação à tecnologia militar".

"Mas não queremos chegar a esse ponto", ressalvou Riabkov.

O anúncio da retirada dos Estados Unidos foi feito no sábado por Donald Trump, que acusou Moscovo de violar o acordo “há muitos anos”.

“A Rússia não respeitou o tratado. Então, vamos pôr fim ao acordo e desenvolver as armas”, afirmou depois de um comício em Elko, no estado do Nevada.

Trump referia-se ao tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, sigla em inglês), assinado em 1987 pelos então Presidentes norte-americano e soviético, Ronald Reagan e Mikhaïl Gorbachev.

“Não sei por que é que o Presidente Obama não o renegociou o não se retirou [do tratado]”, acrescentou Donald Trump.

“Não vamos deixá-los violar o acordo nuclear e fabricar armas, enquanto nós não somos autorizados. Nós permanecemos no acordo e temos honrado o acordo. Mas a Rússia, infelizmente, não respeitou o acordo”, criticou ainda.

A administração norte-americana protesta contra a implantação por Moscovo do sistema de mísseis 9M729, cujo alcance, de acordo com Washington, ultrapassa os 500 quilómetros, o que constitui uma violação do tratado INF.

O tratado, ao abolir o uso de uma série de mísseis de alcance entre os 500 e os cinco mil quilómetros, pôs fim à crise desencadeada na década de 1980 com a implantação dos SS-20 soviéticos visando capitais ocidentais.