O "sim" pela legalização do aborto conquistou 66,40% dos votos, num referendo que foi considerado histórico, de acordo com os resultados oficiais publicados este sábado.

No referendo de sexta-feira, os irlandeses disseram ser favoráveis à despenalização da legislação, atualmente uma das mais restritivas da Europa, anunciou o centro de contagem central baseado em Dublin.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, elogiou este sábado "o culminar de uma revolução silenciosa" na Irlanda, um país com uma forte tradição católica, em que o "sim" está à frente do referendo sobre a descriminalização do aborto.

"O que vemos hoje é a culminação de uma revolução silenciosa que ocorreu na Irlanda nos últimos 10 ou 20 anos", disse Leo Varadkar no canal público RTE.

"As pessoas disseram que queremos uma Constituição moderna para um país moderno, que confiamos e respeitamos as mulheres para tomarem as decisões corretas sobre a sua própria saúde", acrescentou.

Os resultados finais foram revelados este sábado, três anos após a legalização, por referendo também, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que já havia causado um terremoto cultural no país de 4,7 milhões de habitantes.

O primeiro-ministro prometeu elaborar um projeto de lei até o verão, para aprovação antes do final do ano pelo parlamento, onde o texto deve ser adotado sem dificuldade, já que os líderes dos dois principais partidos da oposição, Fianna Fail e Sinn Fein, apoiam a reforma.

O Governo irlandês defende que as mulheres sejam autorizadas a interromper a gravidez nas primeiras 12 semanas, com assistência médica certificada.

Os profissionais de saúde terão o dever de falar e debater a opção pelo aborto com a grávida, que terá de respeitar um período de três dias de reflexão. Terminado este prazo, e se mantiver a sua vontade, poder-se-á realizar a interrupção da gravidez.

Atualmente, o aborto é proibido na República da Irlanda e pode resultar numa sentença de 14 anos de prisão para a mulher e para o médico ou profissional de saúde que a auxilie.