"Confio que a Itália vai enfrentar a situação. Trata-se de um país sólido”, disse esta segunda-feira o comissário europeu para os Assuntos Económicos após o anúncio da demissão do primeiro-ministro italiano.

Em declarações à televisão France 2, Pierre Moscovici afirmou que a Itália “tem instituições políticas sólidas e uma economia forte”, prevendo que os italianos vão fazer face ao período de incerteza provocado pela demissão de Matteo Renzi, após a derrota no referendo.

A mesma opinião expressou o presidente do Eurogrupo, esta segunda-feira, em Bruxelas. Jeroen Dijsselbloem reconhece que a instabilidade política vivida em Itália cria mais dificuldades em toda a Zona Euro, mas não representa o início de uma crise na moeda única.

“Não acredito. Não há razão para que assim seja. É apenas uma nova realidade com que temos de trabalhar”, afirmou à entrada da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, onde também vai participar Mário Centeno.

“Itália é uma grande economia, uma das maiores da Europa, e tem instituições fortes. Podem ver que a reacção dos mercados [à demissão do primeiro-ministro] foi moderada até agora”, acrescentou.

Os italianos votaram em referendo, no domingo, uma reforma constitucional para reduzir o poder do Senado, mas a consulta transformou-se num plebiscito ao primeiro-ministro.

“Teremos de esperar para ver quais serão os próximo passos, o que o Governo irá fazer e o que o Presidente irá decidir”, afirmou ainda Dijsselbloem.

Ao nível económico, o presidente do Eurogrupo reforçou que “a situação em Itália não mudou. Os bancos não estão hoje diferentes daquilo que estavam ontem”.

Segundo o Ministério do Interior, o campo do "Não", liderado pelo movimento populista Cinco Estrelas (M5S, de Beppe Grillo), venceu o referendo com 59,5% dos votos.

Cerca de 70% dos eleitores italianos votaram no referendo, uma participação muito alta.

A derrota de Renzi pode vir a reforçar a posição de partidos populistas como a Liga do Norte e o M5E, que defendem a realização de um referendo sobre a permanência de Itália na Zona Euro.

Quando Renzi apresentar a demissão, esta segunda-feira, o Presidente, Sergio Mattarella, terá de negociar a constituição de um executivo de gestão ou, caso não seja possível, antecipar as eleições legislativas - algo já pedido pela oposição.