A aprovação de legislação rodoviária comum na União Europeia seria um passo muito importante para a indústria dos carros de condução autónoma, defende um alto responsável do construtor sueco Volvo.

Em entrevista à Renascença durante a Web Summit Lisboa, TorbJörn Holmström considera que seria meio caminho andado no processo de desenvolvimento de viaturas que conduzem praticamente sem intervenção humana.

"Se a União Europeia chegar a um acordo para ter uma legislação rodoviária comum, será um grande avanço. Por exemplo, quando se conduz em coluna há diferentes regras. Há países que obrigam a distâncias de 10 metros entre veículos, outros que exigem uma distância medida em segundos. Há diferentes regras em diferentes países. Se a União Europeia se entender, e tivermos uma legislação comum, podemos optimizar o trabalho", afirma o vice-presidente executivo da divisão de veículos pesados da Volvo.

"Vamos provar que é seguro"

O caminho é este para a União Europeia, frisa TorbJörn Holmström, mas será preciso dar mais passos, desde logo mudar a convenção de Viena. Mas antes, é preciso mostrar que os carros autónomos são mesmo seguros.

"É inevitável. A União Europeia e a Comissão Europeia sabem das nossas preocupações e têm de trabalhar sobre isso. E têm também de alterar a convenção de Viena, segundo a qual tem de haver uma pessoa atrás do volante e mãos no volante. E isso tem de ser alterado. Mas antes disso vamos ter de provar que é seguro. E vamos fazer isso."

Testes nas duras condições de uma mina

A marca representada por TorbJörn Holmström tem, actualmente, um camião a trabalhar praticamente em permanência numa mina, de forma totalmente autónoma.

O construtor evita, assim, os problemas burocráticos e legais que possam existir à superfície para testar num ambiente muito difícil todos os sistemas autónomos.

De mês a mês, o camião pára para serem feitos os ajustes considerados necessários e permitir o desenvolvimento da tecnologia.

E quando alguma coisa correr mal?

Hoje em dia, ao ouvir as várias marcas de automóveis, parece que o mundo está pronto a receber os veículos de condução autónoma, mas não é bem assim. O segredo está em tornar os sistemas redundantes, de forma a que se algum falhar, outro o substitua, permitindo que o ser humano fique sempre protegido.

"Não, não está tudo feito. Uma coisa é termos a tecnologia, mas tem de funcionar quando alguma coisa corre mal. Se um sensor falhar ou um radar falhar, tem de falhar de forma segura. Tipicamente, quando desenvolvemos as coisas tentamos fazê-las de forma a que não falhem e quando corre tudo bem, não há problema, mas temos de ter um sistema que falhe de forma segura, através de redundâncias. Se alguma coisa correr mal, não haverá problemas, mas para chegar aqui leva o seu tempo”, afirma o alto responsável da Volvo.

Há ainda um longo caminho a percorrer no que à condução autónoma diz respeito, mas a marca que em 1959 inventou o cinto de segurança de três pontos e mais recentemente, em 2010, a detecção de peões com travagem automática, está a trabalhar duramente nesse sentido, tal como muitas outras marcas de automóveis.

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