José Manuel Durão Barroso vai tornar-se no primeiro ex-presidente da Comissão Europeia a perder privilégios da chamada "passadeira vermelha". Em causa está o novo cargo que Barroso vai assumir no banco Goldman Sachs, que levanta dúvidas ao executivo comunitário.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, o actual presidente da comissão, Jean-Claude Juncker, quer que Barroso seja recebido em Bruxelas, “não como antigo presidente, mas como um representante de um interesse sujeito às mesmas regras dos lobistas”.

A partir de agora, em quaisquer contactos futuros, será recebido como um "representante de interesses" e qualquer comissário europeu ou funcionário da União Europeia que mantiver contactos com Durão Barroso será obrigado a registar esses contactos e a manter notas sobre os mesmos.

Esta decisão de Juncker responde à provedora de justiça europeia, Emily O'Reilly, que na semana passada pediu esclarecimentos sobre a posição da Comissão Europeia face à nomeação de Durão Barroso para administrador não-executivo na Goldman Sachs Internacional (GSI).

O'Reilly escreveu a Jean-Claude Juncker, pedindo-lhe que clarificasse a posição do executivo comunitário face à nomeação do seu antecessor e interrogando a Comissão sobre que medidas tomou para verificar se a nomeação está conforme com as obrigações éticas estipuladas.

A provedora europeia quis ainda saber se Juncker pediu ou tenciona pedir um parecer ao Comité de Ética 'ad hoc' da Comissão Europeia, e se esta tenciona rever o código de conduta dos comissários.

Na sua qualidade de ex-presidente da Comissão Europeia, assim como ex-primeiro-ministro de um estado-membro, Durão Barroso teria o direito a um "tratamento VIP" pelos líderes e instituições europeias em Bruxelas.

Juncker estará a examinar o contrato de trabalho de Durão Barroso no Goldman Sachs.