O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, teceu duras críticas à União Europeia pela forma como tem gerido a crise de refugiados.

“Sinto vergonha desta liderança europeia: quer pela inabilidade para lidar com este drama humano; quer pelo nível de debate, onde todos tentam passar a responsabilidade para o seguinte”, disse no parlamento grego.

“São lágrimas hipócritas e de ’crocodilo’ as que estão a ser derramadas pela morte de crianças na costa do Egeu. Crianças mortas motivam pena. E as que estão vivas e vêm aos milhares e ficam pelas ruas? Ninguém gosta delas”, acrescentou Tsipras.

As declarações foram feitas depois do registo de mais dois naufrágios ao largo das ilhas gregas que provocaram pelo menos 22 mortos, entre eles 13 crianças. Ainda assim, foram salvas 144 pessoas. Mas no total, esta semana morreram nas águas 35 pessoas.

Mais de 700 mil chegaram em 2015 à Europa através do Mediterrâneo e 3.210 morreram ou desapareceram durante a travessia, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). No total, foram 705.200 os migrantes que atravessaram o Mediterrâneo, 562.355 dos quais chegaram à Grécia e 140.000 a Itália.

A Europa enfrenta a maior vaga de refugiados desde a II Guerra Mundial. Centenas de milhares de pessoas chegaram ao território europeu oriundas de África, Médio Oriente e Ásia, levando o Parlamento Europeu a reforçar o orçamento destinado a enfrentar a situação, mediante a proposta da Comissão Europeia, no montante de 1,2 mil milhões de euros.

Com a maioria destes migrantes a procurarem chegar ao norte da Europa, o fluxo tem submergido os países situados na designada rota dos Balcãs e colocado sob ameaça o sistema Schengen. Mais de 83.600 pessoas chegaram à Eslovénia desde meados de Outubro, depois de a Hungria ter encerrado a sua fronteira com a Croácia com arame farpado.