Não existem neste momento condições mínimas de acordo dentro da União Europeia que permitam definir um rumo para as profundas reformas de que necessita. Na realidade, só se concorda em que são necessárias reformas.

Mas a verdade é que Alemanha e França estão muito afastadas em termos de objectivos nacionais, a Itália encetou um caminho próprio, o Reino Unido está de saída, boa parte do Leste europeu não concebe a União como a concebem os seus vizinhos ocidentais, a Espanha, inevitavelmente tem e terá como prioridade encontrar uma solução para a Catalunha.

Por outro lado, a União, instituída com grande pompa pelo Tratado de Maastricht em 1992, revelou-se uma profunda (mas expectável) desilusão. Surgiu então como o grande projecto político de resposta à globalização e o resultado foi justamente o contrário: longe de ser uma resposta, levou a que muitas regiões europeias, em particular as de menor capacidade competitiva, fossem mais penalizadas pela globalização.

Tal resultado decorreu da ideia errada, plasmada em Maastricht, de que uma boa resposta deveria ser baseada numa centralização do poder nas instituições europeias, impondo políticas únicas principalmente no âmbito da política monetária e da política de concorrência e ajudas de estado (agora também na política bancária).Estas uniformizações foram desastrosas, uma vez que impuseram políticas únicas em regiões fortemente diferenciadas entre si. Como sempre tem sucedido ao longo da História, o resultado da centralização foi profundamente negativo para as regiões mais fracas – afinal aquelas que tinham maior potencial de crescimento - que, para além de sofrerem mais com a globalização se viram assoberbadas com políticas para elas perfeitamente inadequadas.

Se houvesse alguma racionalidade na Europa actual, o que decorreria desta lição dos últimos vinte e cinco anos seria a convicção de que, num espaço como a Europa, profundamente heterogéneo, para haver uma verdadeira resposta à globalização não se deve centralizar o poder: pelo contrário, face ao avanço centralista que se verificou é necessário voltar a descentralizar, em particular no que respeita à política monetária e à política de concorrência.

Isto se houvesse racionalidade...