A acreditar nas diversas autoridades envolvidas, as negociações sobre o Brexit não estão a correr bem. E já se fala de uma saída sem acordo, o que, evidentemente, iria causar um forte abanão em todas as economias europeias.

Claro que, mesmo que as negociações estivessem a decorrer satisfatoriamente, as diversas partes em presença diriam sempre que corriam mal. De facto, se alguém que está a negociar coisas tão fundamentais e complexas como esta vier dizer que as negociações estão a correr bem, a parte contrária evidentemente concluirá que ainda há possibilidade de cedências da outra e exercerá mais pressão.
Por isso, não estou inteiramente seguro de que a forma como estão a decorrer as negociações seja tão insatisfatória como as autoridades anunciam.
Mas a verdade é que pode estar mesmo a suceder isso. Principalmente se os 27 encararem o Brexit como uma maldade que precisa ter o seu castigo ou como uma oportunidade de sinalizar que futuras saídas serão tratadas da mesma forma, ou seja como algo que deve ser punido.
Não estou a exagerar. Nas reacções iniciais depois do Brexit, muitos europeístas - alguns até com responsabilidades políticas - não se coibiram de gritar criancices como estas.

É um jogo muito perigoso que os 27 poderão estar a jogar. Por isso, esperemos que as negociações continuam e avancem. E, principalmente, que Portugal não esqueça que é fundamental para o nosso futuro manter relações especialmente estreitas com o Reino Unido e que aqui, como em tudo, o pior que nos pode suceder é, por subserviência, pormos os interesses dos grandes estados europeus à frente dos nossos.