Os que têm mais de 40 anos estarão certamente lembrados das grandes vantagens que eram apontadas para a Europa decorrentes da criação da moeda única.

Depois de 1992, que viu o caminho para o euro ser aprovada pelo tratado de Maastricht, até 1999, ano em que surgiu a moeda europeia não faltaram elogios ao novo projecto europeu que nos iria pôr a todos num caminho de prosperidade e de estabilidade. No que se refere a Portugal, não havia problema que não fosse no futuro resolvido pela entrada na zona euro: crescimento económico, disciplina financeira, inserção na globalização da economia mundial, confiança dos agentes económicos, etc., etc, tudo iria ser resolvido pela nossa participação no euro.

Hoje, quase vinte anos passados do início do euro, muito mudou. Afinal a zona euro não é tão boa assim. Afinal é preciso corrigir drasticamente as instituições da moeda única. Afinal a prioridade das prioridades das reformas das instituições europeias é a reforma do euro. Afinal….

O que se pode concluir do clima actual como se encara a moeda única?

Em primeiro lugar que, dado o que foi a história dos últimos dez anos, difícil se tornaria hoje apresentar a moeda única como um êxito. Na realidade, não resolveu nenhum dos verdadeiros problemas da Europa e veio agravar substancialmente a divisão entre estados membros.

Em segundo lugar, que nenhuma das sugestões de reforma que são hoje apresentadas por instituições europeias ou governos, se fossem efectivadas, garantiriam – longe disso – uma zona euro que a todos beneficiasse.

Em terceiro lugar, a consciência de que a Alemanha bloqueará muito do que é sugerido pelos proponentes das reformas e de que não estará disponível para participar numa zona euro que ponha em causa as condições que impôs na génese do projecto e que permitiram o lançamento deste. Ora estas condições a manterem-se irão perpetuar os desaires da moeda única.

Por fim, a grande questão, que decorre das fortes críticas que os defensores do euro fazem hoje ao projecto em que eles próprios nos envolveram. Se as reformas não forem para diante, continuarão a defender a participação de Portugal numa zona euro que, assumidamente, funciona mal?