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Um penálti pode ser sancionado apenas três ou quatro minutos depois de ter sido cometido. Com a introdução do vídeo-árbitro, esta será uma situação possível de acontecer quando uma jogada numa das grandes-áreas prossegue sem que o juiz de campo tenha assinalado a infracção e o árbitro que segue o jogo pelas imagens a detecte.

As explicações foram dadas por Duarte Gomes, esta sexta-feira, na Manhã da Renascença. O ex-árbitro é um dos elementos que já experimentou esta nova tecnologia, que terá o primeiro teste na final da Taça de Portugal (Benfica-Vitória de Guimarães), no domingo, no Estádio Nacional, em Oeiras.

Uma das áreas de intervenção do vídeo-árbitro é a do penálti.

“Nas jogadas que prosseguem e em que o vídeo-árbitro percebe que é penálti, para não incomodar o colega que está concentrado na jogada seguinte, tem de uma forma serena arranjar um momento neutro do jogo para lhe comunicar a falta. Por exemplo, quando a bola sair a meio-campo”, descreve Duarte Gomes. “Aí, será assinalado o penálti e vai anular tudo o que se passou nesses dois, três ou quatro minutos."

“Em última instância, podemos até ter um golo anulado porque não se marcou penálti do outro lado”, acrescenta.

Duarte Gomes reconhece que estes casos poderão causar estranheza, “mas a verdade é que [essa decisão] recoloca a verdade porque aquele golo era ilegal.”

Nos casos em que o vídeo-árbitro vislumbre uma falta na área que não foi vista em campo, este tem de o comunicar ao juiz de campo até o jogo ter uma interrupção e antes de a bola ser reposta em jogo.

O ex-árbitro é defensor do vídeo-árbitro, uma tecnologia que há muito tempo “era pedida pelo universo do futebol.”

“Há muito se falava da injustiça de as pessoas em casa terem mais meios de decisão do que o decisor no campo. Não fazia sentido. Há situações de jogo impossíveis de detectar, devido ao aglomerado de jogadores, à visão obstruída e aos focos de desatenção momentânea”, justifica.

No caso do penálti, quando o árbitro marca, e já com o jogo parado, também é possível trocar informações e alterar a decisão caso as imagens mostrem que houve um erro.

"Sensibilidade"

Duarte Gomes avisa que os árbitros não passarão a ser infalíveis. Os adeptos e os clubes ainda não estão preparados, "mas vão estar”, acredita.

O ex-juiz de futebol mostrou também preocupação com as possíveis interrupções prolongadas, que podem quebrar o ritmo do jogo, mas garante que isso será minorado com a prática e o número de jogos acumulados. Duarte Gomes chama a atenção de que há muitos factores que podem levar ao prolongar da decisão.

“O técnico que está com o vídeo-árbitro tem de ter sensibilidade para o jogo e saber escolher a melhor câmara para ver a jogada”, explica Duarte Gomes.

Os golos, a troca de identidade de jogadores e a admoestação com vermelho directo são as restantes três áreas de decisão que o vídeo-árbitro vai interferir.