Está a ganhar força no Irão uma campanha que pede à FIFA que bana o Irão da qualificação para o Mundial 2022, no Qatar, caso o país não passe a permitir que as mulheres assistam a jogos de futebol masculino.

Uma das líderes da campanha é a irmã do capitão da seleção iraniana, Masoud Soleimani Shojaei. Maryam Shojaei não quer, apenas, ver o irmão jogar ao vivo. Aliás, em entrevista ao "The New York Times", diz mesmo que os seus protestos nada têm a ver com o irmão, que até apoia a causa. A motivação é acabar com uma proibição que dura há praticamente 40 anos, em nome das mulheres iranianas.

"Quarenta milhões de mulheres iranianas são fãs [de futebol], mas estão banidas há quatro décadas. Se a seleção for banida de um Mundial, penso que valerá a pena. Tenho a certeza que no final, daqui a 10, 20 anos, as pessoas verão que valeu a pena", sustenta Shojaei.

Shojaei é cidadã canadiana, o que lhe deu o anonimato necessário até decidir assumir-se como irmã do capitão iraniano, e apoia a seleção do Irão em todos os jogos fora do país - aproveitando para promover a campanha #NoBan4Women. A criadora do movimento acredita que "tem de haver consequências para a Federação iraniana".

O movimento funciona para os dois lados, visto que também pretende permitir aos homens que assistam a jogos de futebol feminino. Shojaei também já alastrou o raio de ação a jogos de voleibol e basquetebol.

No mês passado, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, enviou uma carta ao presidente da Federação iraniana de futebol, Mehdi Taj, a pedir-lhe que respondesse, até ao dia 15 de julho, a explicar que "passos concretos" é que o organismo dará para assegurar que as mulheres iranianas poderão assistir aos jogos de qualificação para o Mundial, que arranca em setembro. O prazo esgotou na segunda-feira, sem resposta.