Com uma maioria absoluta no parlamento de Atenas, o novo governo grego, de direita, beneficiará de estabilidade. Mas será que a Grécia irá regressar aos governos das grandes famílias políticas e económicas, que há dez anos levaram o país à bancarrota?

O novo primeiro-ministro, Mitsotakis, é filho de um antigo chefe do governo e irmão de uma ex-ministra dos Negócios Estrangeiros e ex-presidente da Câmara de Atenas. Não são sinais animadores. Em contrapartida, Mitsotakis fez uma campanha eleitoral moderada, enfrentando a ala mais à direita do seu partido.

Aliás, os extremismos não se saíram bem destas eleições gregas. O partido neonazi não chegou aos 3%, por isso não entrou no parlamento. À esquerda, o partido de Varoufakis (ex-ministro das Finanças, tendo saído do governo em rutura com Tsipras), logrou passar os 3%, mas por pouco, o que não é famoso.

O primeiro-ministro derrotado, Tsipras, tornou-se líder da oposição. Mas como é possível confiar num governante que promoveu um referendo sobre a austeridade, ganho pelo “não” (como ele pretendia), e logo a seguir aplicou uma política de total aceitação da austeridade imposta pelos credores?

A Grécia não foi bem tratada pela UE e em particular pela Alemanha. Mas o governo grego da altura (de direita) tinha falsificado as contas do Estado. Esperemos que a Grécia não volte a dar pretextos para ser mal tratada.