O Presidente Trump é geralmente impulsivo e imprevisível, mas segue algumas normas. Uma delas é fazer diferente de Obama em tudo o que puder.

Há cinco anos Obama avisou Assad, o ditador sírio, de que não admitiria ataques químicos, aliás proibidos pelas leis da guerra. Mas Assad usou mesmo gases letais – e Obama não reagiu. Trump certamente não repetirá o erro de Obama.

Mas o presidente americano não tem qualquer estratégia para o Médio Oriente. Nem parecem existir na Casa Branca planos militares amadurecidos para uma situação altamente previsível como a presente.

Dias antes do ataque químico em Douma Trump anunciou a próxima retirada dos 2 mil soldados americanos que ainda permanecem na Síria. Na segunda-feira passada prometeu um ataque punitivo a Assad dentro de 48 horas. Mas o que se viu até ao momento em que escrevo foram “tweets” ameaçadores.

A Rússia, protetora de Assad, informou que iria bloquear os esperados mísseis americanos com o seu sofisticado sistema anti-míssil. Pode ser um “test” para as forças armadas russas, a fazer lembrar como a guerra civil de Espanha serviu para testar material bélico depois utilizado na II Guerra Mundial. Respondendo aos generais russos, Trump anunciou que enviaria mísseis “bonitos, novos e inteligentes”.

Entretanto, o isolacionista Trump terá começado a perceber que terem-se os EUA praticamente alheado dos conflitos no Médio Oriente deixou um vazio que Putin gostosamente preenche. E que conviria aos americanos terem o apoio de outros países num ataque à Síria de Assad – França, Reino Unido, Arábia Saudita... Ou seja, o isolacionismo tradicional americano já não tem sentido no mundo globalizado de hoje. O drama é que um presidente dos EUA como Trump pode desencadear um conflito nuclear, sem disso se dar conta.