Uma semana de violentas manifestações no Irão fez mais de 20 mortos. Trata-se dos maiores protestos naquele país desde 2009, quando o desbocado Ahmadinejad foi reeleito Presidente.

A origem desta vaga de manifestações parece ser a frustração das camadas mais desfavorecidas da população iraniana: afinal, o acordo nuclear que Teerão assinou com os EUA e outros países não trouxe a prosperidade que se esperava. O que coloca numa posição incómoda o moderado Presidente Rohani, principal artífice iraniano do acordo, embora os manifestantes também critiquem a autoridade suprema do Irão, o conservador ayatollah Ali Kahmenei.

Alguns insurgem-se contra o dinheiro gasto por Teerão no apoio à Síria de Bashar al-Assad e ao Hezbollah, movimento terrorista baseado no Líbano.

Israel já apoiou os manifestantes – o Irão é a principal ameaça para os israelitas. O mesmo fez repetidamente Trump, que há muito tomou claramente partido pela sunita Arábia Saudita contra o xiita Irão. E não custa a crer que operações secretas americanas, israelitas e sauditas estejam a estimular a instabilidade no Irão.

Já se entende pior que Washington não se preocupe com a possível perda de influência dos moderados no Irão, a começar pelo Presidente Rohani, e o consequente reforço dos fundamentalistas, desde Ali Kahmenei aos fanáticos Guardas da Revolução.

A Arábia Saudita é hoje dirigida por um jovem príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, que se diz adepto de um islamismo moderado e tolerante e que quer modernizar a economia saudita, demasiado dependente do petróleo.

Mas a prática desse príncipe herdeiro é violentamente ditatorial. E a sociedade saudita é muitíssimo menos aberta e democrática do que a iraniana.

Talvez Trump se interesse sobretudo em vender armas caras aos sauditas.