Choveu muito pouco este ano. Por isso a seca severa ou extrema atingia quase 80% do território português no final de Junho. Foi lançado um plano de contingência para enfrentar a falta de água. Não poderia ter sido lançado mais cedo? Já se sabia, há muitos meses, que a seca vinha aí. Agora há situações verdadeiramente dramáticas, como a que se vive na bacia do rio Sado.

Portugal será dos países mais afectados pelas alterações climáticas, que nos vão trazer secas frequentes. Assim, parece de toda a conveniência lançar uma campanha para poupar água, nomeadamente por parte dos consumidores domésticos. É que a crescente urbanização do país é um factor importante no aumento do consumo de água.

Para muitos, a água canalizada parece um bem quase gratuito, que se pode gastar à vontade. Não apelo à subida do preço da água que consumimos nas nossas casas, mas a um alerta para evitar torneiras mal fechadas, torneiras a deitar água quando poderiam estar fechadas e outros desperdícios domésticos.

Mas os desperdícios começam na própria rede pública. Há dois anos calculava-se que cerca de 30% da água se perdia, a nível nacional, na rede pública. O maior e mais antigo operador em Portugal, a EPAL (Lisboa), até tem conseguido bons resultados no combate às fugas e rupturas. E existem outros casos positivos. Mas importa generalizar esse combate eficaz, o que implicará investimento do Estado em boa parte da rede pública.

A seca actual não é um fenómeno pontual ou passageiro. Infelizmente, o problema da falta de água tenderá a acentuar-se. Temos de nos preparar para o enfrentar.