O território dominado pelo chamado “Estado Islâmico” é hoje menos de um quinto do que era há um ano e meio. O sonho de um novo “califado” desvaneceu-se, o que não significa menos perigo de ataques terroristas.

Pelo contrário: os radicais islâmicos vão tentar compensar a perda de território intensificando acções terroristas.

Subsistem, ainda, outros problemas. A reconquista de Mosul – cidade do Norte do Iraque – está prestes a ser completada, com a ajuda dos EUA (várias centenas de conselheiros militares no terreno e ataques aéreos americanos).

O grosso das tropas que atacam Mosul é constituído por iraquianos xiitas. Ora é preciso evitar que soldados iraquianos massacrem populações locais maioritariamente sunitas.

Por outro lado, os curdos “peshmerga” têm tido papel relevante no ataque aos terroristas do “Estado Islâmico”. Mas a Turquia hostiliza-os, considerando-os aliados dos curdos que lutam pela independência, recorrendo ao terrorismo, no interior daquele país.

A própria Rússia, protectora do ditador sírio Bashar Al Assad, evita colaborar com os “peshmerga” na luta contra o “Estado Islâmico”. O presidente turco Erdogan esteve há dias em Moscovo em conversações com Putin e este ponto terá sido certamente tratado.

Acresce a toda esta complexidade o imperativo de evitar a desagregação do Iraque, bem como o agravar do conflito entre sunitas e xiitas. Nunca naquela região foi tão complicada a situação.


P.S. Como já aqui disse, não reajo a comentários formulando opiniões discordantes, por vezes com grande agressividade. Satisfaz-me, aliás, obter tantas críticas, sinal de que o que escrevo tem alguma importância. Apenas corrijo factos: não sou professor e não pertenço, nem nunca pertenci, ao CDS-PP ou a qualquer outro partido.