O Governo negará sempre, mas a proposta de Orçamento para 2017 altera a sua estratégia económica.

Do consumo privado passa-se, agora, para as exportações e o investimento como motor do crescimento – notou o Conselho das Finanças Públicas, liderado por Teodora Cardoso. Mas a convicção governamental quanto à taxa de crescimento é hoje mais modesta, ou, se quisermos, mais realista.

O economista-chefe da agência canadiana de rating, DBRS, afirmou ao semanário The Economist que o factor mais importante na decisão que a agência tomará sobre Portugal na próxima sexta-feira não será o défice orçamental nem a dívida, mas o crescimento económico. Recorde-se que, se a DBRS classificar a dívida pública portuguesa como “lixo”, essa dívida deixará de ser comprada ou aceite como garantia pelo BCE. Ora só em Setembro o BCE comprou mil milhões de euros de dívida pública portuguesa.

Esperemos que a DBRS tome uma decisão positiva. Mesmo com uma decisão dessas, são muitas as incertezas sobre o comportamento das exportações e do investimento em 2017. Mas a mudança de política ajudaria, se for concretizada.