Ainda bem que o esboço de Orçamento para 2016 não foi chumbado pela Comissão Europeia. Se tal acontecesse, não só os juros da dívida pública portuguesa iriam disparar, como a única agência de rating, aceite pelo BCE que não classifica de “lixo” essa dívida passaria a fazê-lo. O que impediria o BCE de comprar dívida do Estado português e os bancos portugueses de se financiarem no BCE, entregando como garantia títulos dessa dívida.

Para evitar tal catástrofe, o governo de A. Costa impõs a maior carga fiscal de sempre. Tornou-se, assim, patético dizer que a austeridade acabou. Agora é uma “austeridade de esquerda”, argumenta-se. É verdade, em parte: a reposição dos rendimentos das famílias beneficia os mais pobres, o que é de saudar. Mas caiu a baixa do TSU para cerca de um milhão de trabalhadores com salário até 600 euros. E não é socialmente justo nem “de esquerda” carregar nos impostos indirectos, que ricos e pobres pagam por igual.

Sacrifica-se a classe média, a alta e a baixa, que o PS acusou o governo anterior de massacrar. Vejam-se os impostos sobre combustíveis e carros, por exemplo. Ou a subida do imposto de selo no crédito ao consumo e nas operações com cartões de débito e de crédito.