O antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE) Jean-Claude Trichet considera que, apesar do caminho já recuperado, Portugal necessita de aumentar a produtividade e o nivel de emprego.

"O progresso que Portugal fez é encorajador. Tive oportunidade de ver os dados dos últimos trimestres e são razoavelmente melhores do que os da média da zona euro. Mas ainda há muito trabalho árduo para fazer. Por exemplo: o nivel de vida tem que melhorar e subir mais, para assegurar a necessaria convergência com os restantes paises. Mas devo salientar que o trabalho já realizado é encorajador", declarou Trichet, esta sexta-feira, em Lisboa, onde participa numa conferência sobre os 20 anos do euro, promovida pelo Banco de Portugal.

"Diria que o maior desafio que Portugal enfrenta é, certamente, aumentar a produtividade, de modo a aumentar o potencial da economia portuguesa, e aumentar o nivel de emprego e melhorar o nível de vida. Quanto à zona euro, ainda há muito a fazer. O que se fez no passado, desde a crise, é encorajador, mas ainda há muito por fazer. Há trabalho árduo ainda pela frente. Continuem!"

Numa abordagem ao tema da conferência, o antigo governador do BCE salientou ainda que o euro sobreviveu apesar de muitos na altura acreditarem que era um projecto pouco duradouro, mas há desafios para enfrentar no futuro próximo.

"O principal desafio é, primeiro, completar a união bancária e, em segundo, entrar decididamente no campo dos mercado de capitais. Em terceiro lugar, há que garantir que os procedimentos para combater os desequilibrios macroeconómicos são correctamente concretizados e isso é extremamente importante, tanto para o euro como para o BCE", completou

Questionado sobre se a saída do Reino Unido da União Europeia prejudicar o futuro da moeda única, Trichet respondeu que esse "é um grande problema para o Reino Unido, argumentando: "Temos a clara demonstraçao disso porque eles estao sempre a reflectir , reflectir e reflectir."

"Lamento imenso, acho que [a opção pelo brexit] foi um erro para o Reino Unido. Para a Europa como um conjunto, não é bom, é mau, mas claro que o impacto vai ser diminuto comparativamente com o impacto deles", acrescentou Jean-Claude Trichet.

"O que noto com agrado é que, apesar desta decisão do Reino Unido, a União Europeia, os restantes 27 paises mantêm-se unidos na discussão com o Reino Unido, sem imolar aquele país ou desistir", rematou o antigo governador do BCE.