O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Fernando Faria de Oliveira criticou o relatório da auditora "Ernst and Young" (EY) ao banco público, dizendo que é "enviesado", "viciado" e "descuidado".

Na sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco, o presidente da CGD entre 2008 e 2010 considerou que o relatório da EY "está enviesado na sua conceção, viciado em várias das suas ilações e descuidado, por culpa própria ou por falhas de obtenção da informação, em vários dados e conclusões".

Faria de Oliveira disse que "estes vícios (...) vieram influenciar e enformar, de forma notória, quer o quadro mental e a perceção de quem tem de fazer a apreciação do exercício, quer as conclusões grosseiras e erradas que imediatamente qualquer um menos conhecedor do tema retira".

O gestor identificou no documento "dezenas de inconsistências e erros", que considerou "um número muito elevado para um relatório proveniente de uma entidade com credibilidade como a EY, sobre um assunto da máxima seriedade".

Na conclusão da sua intervenção inicial, o antigo responsável da CGD disse que o relatório da EY "não distingue suficientemente os diferentes mandatos ao longo do período em análise" e "não efetua o 'benchmarking' em relação aos outros bancos".

A auditoria especial da EY aos atos de gestão na CGD entre 2000 e 2015 revelaram perdas de 1,2 mil milhões de euros em créditos de risco e operações em que não foram seguidos os pareceres da direção geral de risco e em que não foram exigidas as garantias necessárias para as operações de crédito.