O primeiro-ministro defendeu esta segunda-feira que a formação digital dos cidadãos é um factor decisivo para uma "mudança de paradigma do país", visando um modelo de crescimento sustentado para romper em definitivo com uma conjuntura de estagnação.

António Costa assumiu estas posições no encerramento de uma conferência intitulada "Iniciativa de Competências Digitais e.2030", que foi aberta pelo ministro Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, e na qual também estiveram presentes os titulares das pastas da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, e da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Com a plateia do Teatro Thalia, em Lisboa, completamente cheia, o líder do executivo sustentou a tese de que a formação digital é um factor crítico para a competitividade económica do país, mas também para a cidadania activa e reforço do próprio regime democrático.

"O país só se desenvolve e vai crescer mesmo a sério se tiver a capacidade de competir com base no valor acrescentado e não apenas com base no factor custo. Esta é a diferença radical entre aquilo que nos aconteceu nos últimos 15 anos - em que Portugal registou um crescimento médio de 0,2 por cento - e aquilo que queremos que nos aconteça no futuro", declarou o primeiro-ministro.

Para Portugal fugir "à prolongada estagnação que afecta o país desde 2000", António Costa defendeu uma mudança de paradigma.

"Precisamos de outro tipo de competências. Temos as competências digitais à nossa mão. E esse é o grande desafio que temos pela frente - um desafio que devemos encarar com confiança, até porque Portugal tem duas vantagens competitivas: a infra-estrutura instalada e recursos humanos qualificados", advogou.

António Costa considerou também que a aposta na formação digital deve dirigir-se igualmente ao sector dos desempregados, numa altura em que se estima que o país precisa de cerca de 15 mil programadores.

"Não podemos esperar que os meninos que estão hoje no pré-escolar entrem no mercado de trabalho. Não podemos esperar 20 anos para resolver os nossos problemas", acentuou o primeiro-ministro.

Ainda de acordo com o líder do executivo, a formação digital terá também consequências ao nível do próprio regime político a médio prazo.

"A democracia só se fortalece com cidadãos activos e cada vez mais informados. A formação digital é um desafio não só das empresas, da académica, mas do conjunto de toda a sociedade", justificou.