O presidente da TAP, Fernando Pinto, rotulou a ligação aérea entre Porto e Lisboa como um “pleno sucesso depois de um ano de operação”, mas a Norte a leitura é outra. Os empresários alegam que os resultados positivos são conseguidos às custas do Porto.

“A TAP assumiu o segundo lugar no número de passageiros, mas só à custa da ponte aérea porque tenta tirar passageiros ao aeroporto do Porto obrigando-os a fazer o transbordo em Lisboa para outro destino”, diz o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho.

Fernando Pinto disse à Renascença que as expectativas eram boas logo de início o que o levou a comentar que “seria o ‘ovo de Colombo’, porque nunca se tinha pensado fazer um serviço destes entre duas capitais, o que acontece noutros países”.

Ao argumento do líder da TAP de que os passageiros vindos do Porto têm a partir de Lisboa uma maior oferta comercial a nível mundial, Nuno Botelho responde que gostava "que fosse Fernando Pinto a ter de vir ao Porto fazer ligação para outros pontos do mundo".

“É um enorme transtorno para quem tem de viajar, que tem de ficar horas à espera de um voo de ligação. E tempo é dinheiro. Isso tira competitividade a esta região”, sublinha Botelho.

Já Paulo Gonçalves, porta-voz da associação de empresários de calçado (APPICAPS), reconhece que “a TAP tem feito um esforço no sentido de adaptar a oferta às necessidades das empresas exportadoras”, apontando o caso da principal feira de calçado do mundo, a MICAM, em Milão, em que a companhia encontrou soluções alternativas que permitiram aos empresários portugueses viajarem directamente para Itália.

No entanto, admite que “a solução anterior na qual os empresários podiam viajar directamente para qualquer país europeu era inequivocamente uma vantagem".