O ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar culpa as escolhas políticas e o insucesso da estratégia em Espanha pelas fragilidades na Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Gaspar respondeu por escrito aos deputados da comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público e começa por elencar quais os desafios do banco público quando tomou posse em 2011.

“A CGD parecia ser um banco com uma posição comparativamente sólida. As suas vulnerabilidades específicas tinham que ver com o seu envolvimento nos sectores imobiliário, construção e turismo, o insucesso da estratégia de expansão em Espanha e participações financeiras ditadas por prioridades políticas”, escreve Vítor Gaspar nas respostas a que a Renascença teve acesso.

Gaspar critica, assim, o anterior Governo, liderado por José Sócrates, e anteriores administrações da Caixa.

O ex-ministro também escreve que “o endividamento das empresas portuguesas entre 2000 e 2007 foi muito pronunciado” e explica a que é que isso levou: “Este endividamento foi, em grande parte, financiado e induzido pelo sistema bancário nacional. Este, por sua vez, recorreu a formas diversas de financiamento externo. Este padrão deu origem a uma vulnerabilidade sistémica. O exagerado estímulo orçamental em 2009 conduziu a uma vulnerabilidade adicional e ao exacerbar do ciclo vicioso entre risco bancário e risco soberano. No caso português esta ligação foi particularmente forte dada a vulnerabilidade de ambos.”

Gaspar garante que nas reuniões com a troika nunca houve qualquer alerta especifico sobre a Caixa e que a sua preocupação. “A minha preocupação no processo de preparação das operações de reforço de capital de bancos portugueses, operadas em 2012, era a de procurar que fossem atempadas, credíveis, e definitivas”, escreve o ex-ministro, acrescentando que, quando deixou o Governo, em Julho de 2013, “havia fundamento para considerar as operações de aumento de capital do ano anterior como um sucesso”.

Em concreto quanto à recapitalização da CGD feita em 2012, o ex-ministro considera que a injecção de 1.650 milhões de euros não foi feita “pelos mínimos”. Gaspar argumenta que este valor já compreendia uma "almofada" de 350 milhões de euros.