Os valores de consumos de combustível que a indústria automóvel apresenta e os números reais estão cada vez mais desfasados. A conclusão é de um estudo da Federação de Transportes e Ambiente, intitulado “Mind the Gap”.

A avaliação detectou que há uma diferença cada vez maior entre o consumo de combustível que os fabricantes de automóveis garantem, com base em testes laboratoriais, e as quantidades que são gastas quando o carro circula em estrada.

Em média os carros gastam mais 42% do que aquilo que anunciam na publicidade, um fenómeno que está a aumentar uma vez que há três anos era de apenas 28%.

A Mercedes é a marca que lidera a lista de fabricantes com a maior diferença, com valores acima dos 50% entre o consumo de combustível real na estrada e o consumo medido em testes de laboratório.

No entanto, todas as marcas ficam bastante mal na fotografia com diferenças sempre acima dos 35%.

Quercus quer investigação

O presidente da Quercus afirmou esta quarta-feira à agência Lusa que vai pedir às autoridades europeias e nacionais que investiguem "de forma séria" o relatório da Federação de Transportes e Ambiente.

"Vamos pedir às autoridades europeias, nomeadamente a Comissão Europeia (CE), e às autoridades nacionais de homologação de veículos para investigarem este assunto de forma séria e alargada a todos os fabricantes de automóveis", adiantou.

O presidente da Quercus disse que pretende saber se os fabricantes "estão a usar dispositivos que manipulam os resultados de laboratório ou se os testes de laboratório estão a ser correctamente elaborados e reflectem depois o que vai acontecer no consumo".

"É preciso saber o que se está a passar", defendeu.

"O que isto quer dizer é que quando um carro é anunciado como estando a gastar seis litros aos 100 quilómetros, na realidade está a gastar nove litros aos 100. Portanto, está a haver uma despesa, uma ignição e poluição que o cidadão julgava que não ia acontecer", acrescentou.

No entender do presidente da Quercus a diferença do consumo "é inexplicável".

Os carros são responsáveis por 15% das emissões de CO2 na Europa.