Portugal é o país europeu que menos patentes regista e, no país, ainda há pouca inovação protegida. Estes são factos que prejudicam muitos dos projectos de empreendedorismo, segundo alertam os opromotores das Rotas de Inovação Empresarial, iniciativa que está a percorrer o país e que chega, esta quinta-feira, ao Porto.

Cristina Costa, da organização, explica que o tema do registo de patentes é um dos que vai estar em debate, porque, “apesar de as coisas estarem a mudar, há pouca inovação protegida em Portugal e inovação não protegida é muito fácil copiá-la".

"Acabam por ser outras entidades, que não quem a criou, que tira proveito financeiro dela”, sublinha.

Cristina Costa, da consultora de propriedade industrial Gastão Cunha Ferreira, organizadora do encontro, reconhece dificuldades dos empreendedores para registarem os seus negócios: “Hoje em dia, muitos empreendedores e inventores sentem que ainda têm um longo caminho a percorrer nesta área, porque os apoios e o dinheiro disponível não são suficientes.”

Esta responsável diz que, apesar das dificuldades, este é um bom momento para investir em novos negócios em Portugal, onde “se vive uma onda de empreendedorismo”.

“Tornou-se moda em Portugal haver empreendedores, start ups, financiamento para novos projectos, business angels que procuram novos negócios”, um enquadramento favorecido “pelos governos que também têm investido na simplicidade em criar empresas”.

Um caso “inspirador”

Na conferência desta quinta-feira no Porto vai ser apresentado um caso classificado como “inspirador” pelos organizadores. Trata-se da Thermosite, uma empresa sediada na UPTEC-Porto. É a primeira plataforma de Internet especializada no sector da climatização, que pretende fazer a ponte entre os profissionais da área e os clientes. No site da empresa é possível encontrar uma série de serviços, como os de instalação de equipamentos como caldeiras, ar condicionado, painéis solares ou sistemas de aquecimento central.

A Thermosite nasceu há um ano, em casa de um jovem casal. “Eu e o meu marido criamos a empresa porque conciliamos as valências dos dois. Eu, por um lado, o marketing digital, e ele, por outro, a área da climatização, onde trabalha há já muitos anos”, explica, à Renascença Joana Falcão Carneiro, directora de Marketing da empresa.

A ideia para o negócio surgiu depois de avaliadas as carências de um mercado onde “os profissionais queixam-se de que não têm obras, mas, depois, deixam acumular orçamentos e não os enviam a tempo aos clientes. Por outro lado, os clientes queixam-se que não conseguem encontrar o profissional mais indicado para o equipamento que pretendem instalar”. Face a este quadro, Joana pensou: "Porque não optimizar o processo e fazer tudo através de uma plataforma?”

A empreendedora considera que este é um bom momento para se arriscar, apesar dos obstáculos que ainda existem, como as dificuldades no registo da marca e das patentes, a que se juntam “os picos de motivação altos e os picos de motivação baixos”. “É um enorme desafio diário”, avalia Joana Falcão Carneiro.

Um ano e vários prémios depois, o balanço é positivo: “Continuamos a crescer, as vendas começam a aumentar. Valeu a pena, claro que sim”.