A presidente do conselho de administração do Porto de Lisboa, Marina Ferreira, confirma a saída do maior armador mundial, a Maersk, da capital enquanto durar a instabilidade laboral.

A saída dos dinamarqueses da Maersk representa um “enorme prejuízo” para o Porto de Lisboa, disse Marina Ferreira à Renascença. A dinamarquesa Maersk vão passar a operar para o Brasil e para África a partir dos Portos de Leixões e Sines.

“A Maersk, enquanto durar a actual situação, irá suspender as suas linhas para o Brasil e África, reencaminhando-as para o porto de Leixões e de Sines. É um enorme prejuízo não só pela importância e as excelentes relações históricas que a Maersk tem com o Porto de Lisboa, como também porque está associada a várias outras linhas, como a Hapag-Lloyd, que também é importantíssima e que também já deixou de escalar o Porto de Lisboa, ou o próprio grupo Sousa, que, em grande parte, é responsável pelo abastecimento das ilhas da Madeira.”

O presidente da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AANP), Belmar da Costa, diz que a Maersk vai deixar Lisboa porque “os navios não podem estar parados no porto vários dias”. Têm de “trabalhar rapidamente e seguir o seu rumo”, argumenta.

O armador pode deslocalizar toda a sua frota para Leixões, porque “tem capacidade de absorção e um excelente índice de produtividade, reconhecido por todos os armadores”, adianta o presidente da AANP.

O sindicato dos estivadores avançou esta terça-feira com um novo pré-aviso de greve nos portos de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz, a partir de 31 de Dezembro até 21 de Janeiro de 2016. Será mais um protesto a juntar a outros que de forma parcial têm afectado em particular o funcionamento do porto de Lisboa.

A mais recente greve teve início a 14 de Novembro e prolonga-se até dia 24 deste mês. Na origem da paralisação está o fim do contrato colectivo de trabalho.

Porto de Lisboa perde importância

Marina Ferreira diz que, do ponto de vista institucional, nem o Governo, nem o Porto de Lisboa têm possibilidade de intervir junto dos estivadores que são trabalhadores de empresas privadas.

“A intervenção que podemos ter e estamos a ter é no sentido de assegurar que o serviço público não é posto em causa. Os estivadores são trabalhadores de empresas privadas”, sublinha.

Marina Ferreira diz que não se pode equacionar o encerramento do Porto de Lisboa, mas admite que tem vindo a perder importância no contexto nacional. A presidente do conselho de administração promete intensificar e, se necessário, optar por um diálogo “mais musculado” com os concessionários.

“Os portos de Leixões, Sines e Setúbal têm crescido, têm atraído cargas, têm ganho competitividade. O Porto de Lisboa tem vindo a ser sacrificado em todo este puzzle, no sentido da sua situação laboral estar constantemente em causa”, sublinha.

A Renascença contactou a Maersk e o sindicato dos estivadores, mas não obteve respostas.

Em comunicado, o sindicato garantiu que a saída da Maersk do Porto de Lisboa não está relacionada, até ao momento, com a greve em curso, mas sim com “uma situação operacional deficiente”.

O ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, admitiu esta terça-feira que, a confirmar-se, a saída da Maersk do porto de Lisboa "evidentemente não é positivo para a economia portuguesa", garantindo que o Governo vai acompanhar a situação.

O CDS querem esclarecimentos sobre esta situação. Os centristas querem que a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, vá ao Parlamento dar explicações sobre o caso.