O novo ministro da Economia reafirma que vai defender na concertação social a “melhoria do rendimento dos trabalhadores” e assegura que “todos”, patrões e sindicatos, serão ouvidos sobre o salário mínimo nacional. Mas Manuel Caldeira Cabral não se compromete com o montante desse aumento.

Caldeira Cabral, que falava esta quarta-feira à noite, em Barcelos, na véspera da primeira reunião da concertação social do novo Governo, quer encontrar a solução “mais consensual” possível.

“O que é importante é reafirmar a importância que o actual Governo dá à concertação social como uma parte do processo de decisão, que é complementar à parte política, mas que uma não substitui as outras. São dois patamares de discussão, os quais nós respeitamos e aos quais damos a maior importância.”

Sem avançar mais sobre as prioridades dos temas que vão estar em cima da mesa da reunião da concertação social, Manuel Caldeira Cabral reafirmou a necessidade de aumentar o rendimento dos trabalhadores. O primeiro-ministro, António Costa, defende um aumento do salário mínimo para 600 euros, até 2019.

O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, lembra que ainda não há condições para mexer no salário mínimo.

“Todos reconhecemos que o valor do salário mínimo é baixo, mas também todos temos consciência que muitas empresas, pelo seu estado, pelo seu modelo de desenvolvimento, não têm condições para pagar mais, enquanto não tiverem estes saltos qualitativos. Por isso, temos de ter alguma moderação salarial”, alerta António Saraiva.

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, apela ao Governo para que as empresas sejam ouvidas.

“O Governo terá toda a legitimidade para legislar como entender, a Assembleia da República tem toda a legitimidade para legislar como entender, mas ouçam-nos. Nós temos, de facto, uma experiência de funcionamento do tecido económico, merecemos ser ouvidos”, disse João Vieira Lopes.

As declarações foram feitas durante a apresentação dos novos órgãos da Associação Comercial e Industrial de Barcelos, onde o novo ministro da Economia prometeu um “comboio” de reformas. Manuel Caldeira Cabral lembrou que empresas e trabalhadores não podem esperar mais.