Numa altura em que grande parte do mundo se vê afectada por vagas de frio históricas ou por tempestades fortes, parece certo que o ano de 2018 será marcado pela discussão sobre as alterações climáticas.

Nesta edição de Da Capa à Contracapa, a primeira do ano, a Renascença convidou Ricardo Trigo e Jorge Moreira da Silva para analisar o assunto.

Ricardo Trigo, climatologista da Universidade de Lisboa, “situações que só ocorriam 2 ou 3% há 50 anos, estão a ocorrer consoante os continentes, mas estou a falar da Europa, Estados Unidos, Austrália, 15 ou 20%. E pior que isso, há anos, tanto na Europa como na Austrália, onde se verificaram temperaturas extremas que não se tinham verificado nos 100 anos anteriores. Isso aconteceu na famosa onda de calor de 2003 na Europa Ocidental, na onda de calor de 2010 na Rússia e várias ondas de calor que têm acontecido na América e na Austrália.”

“Esses extremos afectam muito mais os ecossistemas do que as alterações de um grau”, diz ainda o climatologista.

Já o antigo ministro do Ambiente Jorge Moreira da Silva, actualmente director-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE, rejeita qualquer sugestão de revisão por baixo dos objectivos do Acordo de Paris.

“Acho sinceramente que não há condições para reabrir o Acordo de Paris. Pelo contrário, vamos precisar de tornar o Acordo de Paris muito mais ambicioso. O que dizemos é que queremos limitar o aumento da temperatura a um grau e meio ou dois graus. Sabemos que se não fizermos nada chegamos aos cinco graus. Mas sabemos que se somarmos todos os objectivos que os países colocaram na mesa no Acordo de Paris teremos um aumento de 2,7º”, conclui o especialista em alterações climáticas e energia.

O Da Capa à Contracapa é um programa da Renascença em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos para debater a sociedade e promover o debate livre. Pode ser ouvido a partir das 9h30 aos sábados, ou em podcast através do site.