“Não há drama algum em deslocalizar produção do sector têxtil” é a tese de Paulo Vaz, diretor-geral da associação mais representativa do sector, a ATP.

No final de uma semana em que o INE confirmou o record absoluto de exportações no têxtil de 5,2 mil milhões de euros, Paulo Vaz defende que a queda do grupo Ricon e da antiga Triumph foram exceções num sector que cria emprego e onde escasseia mão-de-obra para as necessidades.

"Excetuando estes dois casos não há perda de emprego no sector, bem antes pelo contrário. Estamos é no limite da utilização da nossa capacidade produtiva e com dificuldades em encontrar mão-de-obra para trabalhar as empresas têm de encontrar soluções para continuar a servir os seus clientes. Isso só se faz encontrando prestadores fora das nossas fronteiras. Decisivo é o centro de decisão e o valor acrescentado continuem em Portugal e nas nossas empresas", afirma Paulo Vaz.

No Conversas Cruzadas o gestor defender também que os trabalhadores do grupo Ricon vão rapidamente encontrar emprego nas têxteis da região no melhor momento do sector nos últimos 17 anos.

Já o economista Luís Aguiar-Conraria, na análise aos casos Ricon e Triumph, diz ser a economia a trabalhar. "Numa economia a funcionar bem há empresas que fecham. Desculpem-me as pessoas que são afetadas diretamente é, evidentemente, mau para elas, mas é bom para a economia que empresas zombie desapareçam e fechem em vez de serem mantidas artificialmente no mercado. É bom que os bancos passem a colocar o dinheiro em empresas saudáveis. Não há problema se as empresas fecharem. O problema é as pessoas não encontrarem emprego rapidamente. Aí é que a economia não estaria saudável", sustenta o professor da Universidade do Minho.

Por seu turno, o empresário Nuno Botelho defende uma aposta firme no emprego jovem em vez de deslocalização. "Preocupa-me o desemprego jovem. Olhar para os números e verificar que há 25% dos jovens sem trabalho. A questão é como formar alguns destes jovens e aproveitá-los no sector têxtil onde, números desta semana, faltam 7 mil trabalhadores. Ao contrário da deslocalização preferia formação profissional para esses jovens porque até para o futuro da segurança social temos de ter os jovens empregados”, afirma o presidente da Associação Comercial do Porto.

No Conversas Cruzadas debate-se ainda a volatilidade nas Bolsas de Valores e se a frase “economia 4.0 com políticos 2.0” é uma mensagem subliminar do Presidente da República quando Governo e BE/PCP medem forças pelas leis do trabalho.

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