Deixar-me silenciar.

Deixar-me estar assim, parada, mas de olhar no horizonte,

pronta para ir até onde me levares, Senhor…

Encontro desejos, palavras, até mesmo emoções,

capazes de agitar os medos, de provocar sobressaltos,

de inquietar o coração, esse recanto da vida onde tudo acontece,

tudo cresce e morre, chora e canta, tudo nasce e desaparece.

Um coração inquieto, é tudo o que tenho.

Bem queria falar do silêncio tranquilo deste Sábado Santo.

Da espera confiante de quem conhece o fim da estrada,

a razão de cada madrugado, do canto dos pardais, da brisa do Espírito que sopra.

Bem queria encontrar as palavras que sempre me confortam,

como pedras polidas, roladas nas mãos, tão minhas, tão nossas.

Correr a anunciar os panos caídos no chão, as marcas dos Teus cravos,

a Tua voz firme e suave que a todos consolava, animava, transformava.

Mas só encontro o meu coração inquieto, esse recanto da vida

onde tudo acontece, tudo cresce e morre, tudo chora e canta,

tudo nasce e desaparece.

Um coração inquieto. É todo teu, Jesus Ressuscitado.