Há 19 anos que sou um pai em luto. Porém, a vida – e seguramente muito a Acreditar – ensinou-me que não tinha de ser um pai de luto. Perder um filho é ter na mão uma moeda: numa das faces está o passado, representado pela imagem de quem perdemos, com tudo o que isso envolve de dor e saudade; na outra face está o futuro, representado por uma pergunta que nos desafia: o que faço com isto que me aconteceu?

A moeda reveste-se de outro encanto quando a rodamos na mão, quando vemos ambas as faces, quando conseguimos conciliar dentro de nós passado e futuro, desgosto e esperança. A Acreditar ofereceu-me esta moeda, acompanhando-me em tempos mais difíceis, ajudando-me a encontrar um sentido para o meu desgosto e a transformar uma perda numa luz – para mim e, se possível, para os outros.

Somos pais em luto, não temos de ser pais de luto.

João de Bragança