Aqui estamos, Senhor, uma vez mais a olhar de perto a tua Cruz, a abraçar com mais amor a tua Cruz, a tentar diluir a nossa dor na tua dor. A rezar. Há dias em que nem sequer nos lembramos de Ti, tão envolvidos andamos nas voltas do nosso dia-a-dia. Mas hoje, no meio desta pandemia, os teus braços abertos são a força que nos guia, o teu coração despedaçado a nossa companhia, o teu amor imenso a nossa enfermaria.

Daqui, de ao pé da tua Cruz, Senhor, começo a compreender cada vez melhor que este mundo precisa de uma terapia de dor e de amor. Tantos egoísmos, ganâncias, importâncias e indiferenças, à mistura com tantas fomes, guerras, misérias e doenças. Daqui, de ao pé da Cruz, compreendi hoje, Senhor, que este tempo serve para nos irmos limpando destas imundícies, pelo menos com o mesmo cuidado com que lavamos as mãos e limpamos superfícies.

D. António Couto +