22 set, 2015 - 19:45 • Liliana Carona
Um tipo de calçado serrano em vias de extinção foi recuperado graças a Rita Paiva, uma jovem empresária do concelho de Santa Marinha, em Seia.
Os Chinelos d'Avó são feitos de burel ou com os retalhos das sobras das fábricas têxteis da região. O trabalho é 100% artesanal e o resultado é exportado do interior profundo para os quatro cantos do mundo.
Num pequeno atelier em sua casa, com a companhia de um gato, sentada frente a uma máquina de corte, que a ajuda a talhar os moldes, Rita Paiva dá asas à criatividade. “São tecidos mais grossos, utilizo muito o burel, que é a lã natural de ovelha”, mostra a designer gráfica, de 32 anos.
A história dos Chinelos d'Avó nasceu de um episódio triste na vida Rita Paiva: “O meu pai faleceu em Novembro de 2012 e ele tinha um sobretudo azul escuro, quando ele morreu as irmãs dele, (ele tinha oito irmãs) queriam o sobretudo, e decidi não dar o casaco a ninguém e fazer antes os chinelos a partir do tecido do casaco do meu pai”, conta a jovem empresária.
A partir dali os pedidos não pararam. Passados três anos, Rita faz 50 pares de chinelos, por semana, e até contratou uma funcionária com o apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que suporta parte do ordenado e os descontos para a Segurança Social.
Os chinelos dos pobres, dos pastores da serra, são agora calçados em todo o mundo. “Alemanha Holanda, Luxemburgo, Venezuela, vieram buscar o que temos de muito bom que é o artesanato”, diz a orgulhosa artesã.
Esta designer gráfica e multimédia quer fazer uma homenagem a todas avós que faziam chinelos de pano: “Houve uma senhora idosa de cá da Santa Marinha que quando viu os meus chinelos só chorava, porque julgava que mais ninguém ia pegar nos chinelos”.
Rita pegou nos chinelos de pano, fez deles negócio e estão agora espalhados por vários pontos do mundo, a milhares de quilómetros de um atelier instalado no interior de Portugal.