Miguel Poiares Maduro é o coordenador do projecto de revisão constitucional do PSD e desafia o primeiro-ministro a provar a sua posição quanto à separação de poderes aprovando as propostas de revisão constitucional do partido liderado por Luís Montenegro. Não quer tirar o "socialismo" do preâmbulo, porque "pertence à própria história da Constituição", mas quer, por exemplo, reforçar a independência do governador do Banco de Portugal para limitar "os riscos de interferência do poder executivo".
Miguel Poiares Maduro é professor universitário, antigo ministro do Desenvolvimento Regional do Governo de Pedro Passos Coelho. Em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público, o social-democrata avisa que as "trapalhadas" do Governo e a confirmação de que o primeiro-ministro interferiu no caso do Banco de Portugal podem ser razão para que a legislatura seja interrompida.
O social-democrata admite que Portugal tem de ter relações institucionais com o Qatar, mas rejeita que isso implique a ida de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa para apoiar a seleção. Poiares Maduro diz que as palavras do Presidente da República, no final do Portugal-Nigéria, sobre os direitos humanos no Qatar, foram "infelizes"
"De pouco serve unir todo o espaço não socialista se as diferenças no seu seio forem tão ou mais graves do que as que nos separam do outro lado", adverte o antigo ministro.
Os dois sociais-democratas foram acusados pelo primeiro-ministro de fazerem campanha contra Portugal, acusação que o PSD considerou “grave” e merecedora de uma queixa no Ministério Público.
Na sequência da polémica sobre as incorreções do currículo do procurador europeu José Guerra, o especialista em Direito Europeu, Miguel Poiares Maduro, admite que a existência de “informações objetivamente falsas" numa posição oficial do Governo pode “fragilizar sem dúvida" a posição da ministra da Justiça.