Afinal, as brigadas de intervenção rápida para conter e estabilizar surtos de Covid-19 em lares de terceira idade vão trabalhar com médicos tarefeiros, que serão contratados em caso de necessidade. Em entrevista à Renascença, Francisco George, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, diz que é uma boa solução, tendo em conta que não há médicos. Francisco George diz que o processo de recrutamento de profissionais ainda decorre, mesmo assim, garante que as equipas vão estar no terreno muito em breve. Está prevista a criação de 18 equipas multidisciplinares – uma por distrito - compostas por médicos, enfermeiros, psicólogos e auxiliares de ação directa e auxiliares de serviços gerais - e com capacidade de resposta 24 horas por dia. No total serão necessários cerca de 400 profissionais.
O secretário-geral do Sindicato Independente de Médicos (SIM) diz que os privados “estão a crescer como nunca” com a “geringonça” e alerta para maior falta de médicos no SNS no futuro imediato.
“O que queremos é que o Ministério da Saúde crie as condições para os doentes serem bem tratados, que sejam diminuídas as listas de espera e que sejam contratados os médicos.”
As vagas foram definidas considerando as maiores necessidades reportadas pelos serviços, em zonas como o Alentejo, Algarve, nordeste transmontano e as beiras alta e interior.
Questionada sobre a aposta em médicos tarefeiros no SNS, Marta Temido assumiu que existe uma baixa taxa de retenção em algumas especialidades e anunciou que vai abrir 150 vagas com incentivos para médicos que vão para zonas carenciadas.
Anestesista ganhou mais de 27 mil euros por mês durante um ano - quase cinco vezes mais do que um médico em topo de carreira. Para isso, teve de trabalhar uma média de 125 horas semanais, ou seja, 17 horas por dia, sem folgas ou férias, a 50 euros por hora. Administradora do hospital do Algarve diz que médicos “vão descansando” durante os turnos. Ordem dos Médicos alerta: “devemos procurar respeitar os tempos de descanso”. “É lamentável e quase politicamente criminoso”, atira o sindicato.
Recurso a médicos tarefeiros continua a aumentar, apesar dos apelos do governo à redução da contratação temporária. Em 2018, o Estado gastou 104,5 milhões de euros nestas prestações - o valor mais alto de que há registo.
Renascença mergulhou na montanha de informação do site criado para promover a transparência na contratação pública. Chegou à base de dados de 4.987 contratos que utilizou nesta investigação.