Marcou um ponto de viragem na justiça portuguesa, teve alguns dos maiores processos que há memória em mãos. Joana Marques Vidal morreu esta terça-feira, aos 68 anos, no Porto. Foi a primeira mulher no leme da Procuradoria-Geral da República.
Marcelo Rebelo de Sousa considera que Joana Marques Vidal "desempenhou um relevante papel na sociedade portuguesa como jurista ilustre, magistrada com profundas preocupações sociais e funções de liderança, nomeadamente enquanto procuradora-geral da República".
Marcelo Rebelo de Sousa recorda a antiga PGR como uma jurista ilustre e conta que acompanhou "ainda há duas semanas", no Porto, "a sua luta pela vida".
No dia em que arranca o congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Joana Marques Vidal defende, em declarações à Renascença, a necessidade de " investimento a sério” no setor da Justiça.
Na aceitação do segundo prémio que venceu, a magistrada dedicou-o “à sociedade anónima, sofredora e combativa, aqueles não se resignam e querem lutar por um país com progresso, com igualdade, com critérios de ética e transparência”.
Joana Marques Vidal sublinha que o Ministério Público deve "olhar com muita atenção" para a forma como está a fazer a investigação na área da criminalidade económica e financeira. "Mais do que criar leis" é essencial "mais efetividade do modelo atual", defende a antiga PGR.
Entre as omissões apontadas pela antiga procuradora-geral da República estão a ausência de capítulos dedicados à contratação pública e ao urbanismo ou o planeamento do território.
Depois de Lucília Gago ter considerado que as declarações sobre corrupção feitas pela ex-PGR na Renascença não trazem novidades, Joana Marques Vidal explica que se tratou de "uma análise sociológica e criminal da realidade dos factos" e que não está "a inventar nada".