Nos 25 anos do festival literário debateu-se a liberdade, mas foram as ameaças à democracia que cruzaram os discursos dos escritores presentes. A Prémio Camões Hélia Correia disse que “não estamos” com júbilo nas celebrações dos 50 anos do 25 de Abril. Para próxima edição das Correntes está prometida a abertura do Espaço Memória Luís Sepúlveda
O Ensaio Geral desta semana instalou-se no Correntes d'Escritas, o festival literário da Póvoa de Varzim que celebra 25 anos. São convidados os autores João de Melo, que acaba de lançar "Longos Versos Longos", e Álvaro Laborinho Lúcio, que editou o livro "A Vida na Selva". Na conversa que, conta com a moderação de Maria João Costa e a colaboração de Guilherme d'Oliveira Martins do Centro Nacional de Cultura, fala-se sobre os novos livros, a arte da escrita de prosa e poesia, o teatro, mas também sobre os 50 anos da democracia portuguesa.
No Festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim o autor considerou que há o perigo de a história se repetir e que os jovens têm cada vez mais valores xenófobos. Gonçalo M. Tavares alerta para a necessidade de formação e discussão para criar “pessoas lúcidas”
No dia em que foi lançado, o livro "Portugal e o Futuro" do General Spínola vendeu dois mil exemplares, em cinco horas. A história das 248 páginas da obra é agora contada no livro "O General que começou o 25 de Abril dois meses antes dos Capitães", do jornalista João Céu e Silva, que diz querer evitar o "branqueamento" da História nas comemorações dos 50 anos da Revolução.
A autora do multipremiado livro “Misericórdia” admite ser “irrequieta do ponto de vista cívico”, embora ache que por vezes “intervenha um bocadinho demais”. No Festival Correntes d’Escritas, Lídia Jorge falou do desgaste dos ideais do 25 de Abril que a levaram a escrever um livro.
A autora mexicana, que venceu o prémio das Correntes d’Escritas, considera que literatura é muito lenta a mudar consciências, o ativismo é mais eficaz. Fernanda Melchor reagiu, a partir do México, ao prémio. Lamenta que 10 anos depois de ter escrito “Temporada de Furacões”, a violência, o crime e a injustiça persistam no México.
O livro “Temporada de Furacões” foi escolhido pelo júri do Festival que destaca no romance “o lado mais sombrio da natureza humana, numa comunidade dominada pela violência mais extrema e pela luta entre cartéis de droga”
“Canções para o incêndio” é o novo livro do escritor colombiano. Na obra reúne um conjunto de contos que em comum tem as temáticas da violência e da memória. À Renascença, Juan Gabriel Vásquez admite que são as mesmas “obsessões” que têm nos seus romances.
O Ensaio Geral desta semana é feito a partir do festival Correntes d'Escritas, que decorre até este sábado na Póvoa de Varzim. Nestes últimos dias têm sido lançadas dezenas de novos livros, os autores multiplicam-se em encontros com os leitores e sessões de autógrafos. A Renascença falou com quatro nomes maiores da Literatura da língua portuguesa, com diversos sotaques. Paulina Chiziane, Ondjaki, Maria do Rosário Pedreira e Geovani Martins são os convidados.
Simão Lucas Pires está a estrear-se na literatura com o livro de contos “A Trombeta Vaga”(ed. Quetzal). A obra tem um título inspirado na Bíblia. Lá dentro, oito contos que tiram retratos episódicos à sociedade contemporânea. De família herdou o gosto pelos livros e leitura, do irmão escritor Jacinto, algumas recomendações literárias.