Processo está relacionado com a sindicância ordenada pelo Ministério da Saúde em 2019. Ana Rita Cavaco argumentou, na altura, que a ação inspetiva tinha "uma motivação política".
Em causa está a apropriação indevida de cerca de 61 mil euros, no total, por parte de todos os arguidos. Destes 61 mil euros, foi imputada a Ana Rita Cavaco a apropriação indevida de cerca de 10.600 euros.
O Orçamento da Saúde vai ultrapassar no próximo ano, pela primeira vez, os 15 mil milhões de euros. No entanto, nos hospitais a tensão entre médicos e ministério cresceu até levar ao encerramento de serviços. Um ex-ministro, uma bastonária e um gestor hospitalar ajudam a explicar esta aparente contradição.
Na saúde, justiça, segurança e educação, é cada vez mais difícil atrair jovens para ocupar as vagas que o Estado abre todos os anos. Nalgumas áreas com muitos profissionais deslocados, há quem não consiga manter casa e tenha de abdicar da colocação.
Em causa estão duas deslocações de inspetores da IGAS à Ordem dos Enfermeiros, com a bastonária a argumentar que aquela ação inspetiva tinha "uma motivação política", supostamente assente nas divergências públicas entre o organismo e a então ministra da Saúde, Marta Temido, que redundou numa alegada desobediência ao dever de colaboração em prestar declarações ou fornecer documentos.
"Há aqui uma ingerência muito grande do Governo dentro das ordens que cria um órgão [de supervisão] para poder controlar e poder mandar", acusa Ana Rita Cavaco.
Ana Rita Cavaco está acusada de dois crimes de peculato e dois de falsificação de documentos, num esquema de falsificação de quilómetros em que terá recebido cerca de 10 mil euros por deslocações que não fez.
Apesar de haver aspetos positivos no anúncio feito pelo diretor executivo do SNS, à Renascença o bastonário dos Médicos alerta que são precisas mudanças também noutras áreas para além de Ginecologia e Obstetrícia.
Esta segunda-feira, mais de 60 pessoas esperaram por atendimento nas urgências do Hospital de Penafiel deitadas em macas ou sentadas no chão. Com a aproximação ao inverno, a tendência é para piorar: “vamos ter muito mais casos destes e vamos ter de fazer alguma coisa”, avisa Ana Rita Cavaco.