O ainda jovem árbitro Francisco Afonso, natural de Foz Côa, olha para esta realidade com indignação e classifica-a como um desrespeito para com o árbitro de futebol.
Com a experiência de quem já leva muitos e muitos jogos nas camadas jovens, lamenta que pais e adeptos “não transmitam aos jogadores e aos filhos o respeito que deveria existir, porque o futebol daqui a 10 anos será feito por eles”.
“Eles vão ser as próximas estrelas e se eles não forem formados com valores, com respeito, dificilmente no futuro haverá um futebol respeitado”, resume.
Francisco relata que há jogos de sub-9 e de sub-13 em que os pais insultam os filhos. “Há colegas que me contaram histórias que fiquei sem sequer conseguir acreditar.”
Denúncias vão aumentar
O líder da APAF acrescenta que isto só é possível porque, em Portugal, as pessoas não gostam verdadeiramente de futebol, amam apenas o clube do coração. O árbitro não é visto como fazendo parte do jogo, mas como um elemento externo.
“O público, de uma forma geral, olha para o árbitro como alguém que não é isento, que está corrompido por uma das equipas e que, quando vai a apitar o jogo, fá-lo de forma premeditada. E isso justifica todo o tipo de ódios e de comportamentos.”
Ainda assim, Rodrigo Cavaleiro perspetiva o futuro com otimismo, apesar de até aguardar um aumento do número de casos reportados de violência. Será, diz, a consequência natural de uma maior “sensibilização dos outros agentes envolvidos à medida que a nossa radiografia da realidade aumenta de qualidade e é mais aproximada aos dados reais”.