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Quaresma

Descubra o verdadeiro significado deste tempo

22 fev, 2012

Caminhe até à Páscoa com a sua rádio. Oiça os sons

Descubra o verdadeiro significado deste tempo

Por ser Quarta-feira de Cinzas, dia 22 de Fevereiro marcou o início da Quaresma. Na Renascença caminhamos consigo nestes 40 dias que nos levam até à Páscoa. Afinal, tal como disse o Papa Bento XVI na sua mensagem para a Quaresma este ano:
“A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.”

E por este ser um tempo de descoberta e de mudança, partilhamos consigo momentos de reflexão que nos ajudam a viver melhor estes dias. Quarta-feira de Cinzas e depois todas as Sextas-feiras da Quaresma, oiça os apontamentos do Pe. António Valério, sj, na sua rádio, ou recorde depois nesta página.


VI Sexta-feira da Quaresma (30 Março)
Fazer da vida um lugar de beleza. São as palavras que Bento XVI disse na sua visita ao nosso país e que podem servir de inspiração para esta etapa final da Quaresma. A Primavera que começou há dias faz-nos entrar em ambiente de renovação da vida, de nascimento, de cores e perfumes. A Páscoa é pressentida como a chegada a um novo jardim, onde agradecemos quem somos, onde experimentamos vitórias sobre o egoísmo e a tristeza. Ter uma vida bonita é mostrar a nossa verdade e a nossa bondade, estarmos atentos aos sinais onde queremos que a ressurreição aconteça. Onde podemos deixar que o desejo de Deus seja verdade em nós.

Pe. António Valério, sj


V Sexta-feira da Quaresma (23 Março):
Perdoar é a capacidade de superar os caminhos sem saída a que podemos ter chegado. É começar de novo, começar mais livre. É capacidade de abraçar os lados escuros da vida e fazer deles caminho de luz e esperança. Perdoar é ter na pele uma dor que não quer voltar a ser sentida, mas que quer ser acariciada. Toda a experiência de perdão tem a marca de um amor que nos faz regressar à vida, que nos devolve a nós mesmos, aos outros e a Deus.

Pe. António Valério, sj


IV Sexta-feira da Quaresma:
Quando falamos de conversão em tempo de Quaresma, falamos na mudança das nossas atitudes perante a vida e os seus desafios. Mas a conversão tem também a ver com a conversão daquilo que é prioritário. Temos o perigo de confundir o prioritário com o urgente. É que o imediato veste-se facilmente com a roupa do essencial. E acabamos por deixar para trás o crescimento das coisas interiores para nos dedicarmos exclusivamente às aparências exteriores. O grande desafio está em tornar essencial aquilo que não se vê. O desafio está em converter o nosso tempo naquilo que há de melhor em nós.

Pe. António Valério, sj

III Sexta-feira da Quaresma:
É importante ter como atitude para a Quaresma um olhar optimista sobre a nossa vida e os acontecimentos do dia-a-dia. Mesmo parecendo que o tempo não é de grandes optimismos, e em muitos aspectos, as preocupações e o nosso contexto de crise têm uma força real, não podemos deixar de cultivar a bondade e a esperança do nosso olhar. Ser optimista não é ser ingénuo, é ser capaz de encontrar em tudo a oportunidade de começar algo novo, mesmo que seja mais simples e mais humilde. E seria tão bom se o que nascesse nas nossas vidas fosse algo mais simples e humilde. Teríamos espaço para outras grandezas.

Pe. António Valério, sj

II Sexta-feira da Quaresma:
"A imagem mais importante da Quaresma é o deserto. Um lugar inóspito, duro, sozinho. O deserto é obrigatoriamente um lugar de passagem, porque ninguém pode sobreviver permanecendo ali dias a fio. Mas o deserto é também um lugar de escuta e atenção. É um lugar onde se definem rumos e caminhos. Ter o deserto como pano de fundo do caminho quaresmal é colocarmo-nos num ambiente de medo e fascínio, de grandeza e pequenez. O deserto é promessa, horizonte, vida esperada, terra fértil para além das dunas solitárias. O deserto é a imagem da nossa existência, um caminho difícil, mas orientado para a esperança. É muito rico poder perceber e viver no deserto um lugar de amadurecimento, uma passagem para a felicidade."

Pe. António Valério, sj

I Sexta-feira da Quaresma:
"A conversão é uma palavra difícil. Temos na nossa imaginação uma série de imagens que apresentam a conversão no seu lado mais austero, de auto-domínio, castigo e inibição dos nossos desejos e apetites. Mas a conversão é, acima de tudo, uma atitude que faz com que a vida se oriente para um horizonte diferente. Converter-se é decidir acerca da qualidade da própria vida. Quando estabelecemos objectivos para aquilo que queremos, sabemos que isso implica escolhas e renúncias. Mas é um amor maior que faz com que as escolhas difíceis ou não apetecíveis apareçam como desejadas. Na verdade, não estamos a trocar algo bom por uma espécie de sofrimento voluntário. Estamos, pelo contrário, a aderir a algo melhor, algo que nos faz mais santos."

Pe. António Valério, sj