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Opinião de Paulo Morais

Falta de mobilidade

21 mar, 2011

A falta de mobilidade é certamente um dos maiores problemas nacionais. Não há mobilidade social ou geográfica nem sequer é fácil mudar de emprego. Mas é ao nível da habitação que mais se nota este imobilismo.

Os que habitam casa própria estão condenados a uma renda por trinta ou quarenta anos. Quando os jovens se casam, compram casa e juram fidelidade eterna, a quem verdadeiramente se estão a vincular, até à morte, é já à banca e não ao seu companheiro. Adquirir uma casa representa a hipoteca, não só da propriedade, mas da própria vida.

Por outro lado, quem dispõe duma habitação social está também prisioneiro. Por muito que progrida na sua vida pessoal, prefere, naturalmente, continuar a pagar dez ou quinze euros de renda mensal. Mas a fraca qualidade da construção, a ausência de manutenção, têm por consequência um total desconforto a que estão condenados os inquilinos sociais.

Por fim, os que vivem em casa alugada com rendas antigas também não abdicam dos alugueres de trinta ou cinquenta euros. Como poderiam afinal, se não há mercado alternativo a preços aceitáveis? Vivem em casas que se vão progressivamente degradando, não encontram alternativa. Se lhes oferecerem melhor emprego noutra localidade, só lhes resta recusar.

O imobilismo social e profissional é assim a regra. Os portugueses parecem estar, quase todos, em situação de prisão domiciliária.

Paulo Morais