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Opinião de Paulo Morais

Governo "despreza" os emigrantes

11 jul, 2011

Com o Verão, como todos os anos, chegam os emigrantes que, por via da crise, são cada vez mais. Um terço dos portugueses vive hoje no estrangeiro. São cerca de cinco milhões de compatriotas nossos que o país habitualmente esquece.

Governo "despreza" os emigrantes
A começar pelo Governo. Sucessivos executivos tratam dos assuntos das comunidades através do Ministério dos Negócios Estrangeiros. E ainda por cima, através da secretaria de Estado de menor peso protocolar. Os emigrantes são desta forma considerados estrangeiros. E ainda por cima, estrangeiros de segunda!

Se lembrarmos ainda que uma parte importante dos serviços públicos reduz o atendimento no Verão, o que é também uma forma de desprezo para com nossos compatriotas, podemos concluir que o Estado português cuida de parte dos seus filhos como se fossem enteados.

É claro que tudo seria diferente se os emigrantes tivessem peso eleitoral. Mas os cinco milhões de portugueses e luso-descendentes elegem apenas quatro dos 230 deputados. Menos de dois por cento do Parlamento. Isto enquanto na maioria dos países europeus, os emigrantes votam para o seu círculo, exactamente nas mesmas condições que os residentes.

Não admira, pois, que os emigrantes venham cada vez menos visitar sua terra, a terra cujo Governo os despreza. Esta tendência irá até agravar-se, enquanto os governantes não perceberem que somos todos, mas todos, Portugal. Um povo e uma nação bem maiores do que o Estado que nos governa. Ou desgoverna.