A nova lei de financiamento de campanhas eleitorais incentiva, como nunca antes tinha acontecido, uma total promiscuidade entre os negócios e a política.
Esta legislação começa por autorizar donativos em espécie. Os amigalhaços do partido poderão agora pagar os cartazes, as jantaradas e até financiar as camionetas que transportam os militantes que se arrebanham para os comícios.
Os valores em causa são impossíveis de quantificar e abrem a porta a todo o tipo de troca de favores e tráfico de influências. Porque é claro que os ofertantes querem contrapartidas. E os partidos só podem garantir essas contrapartidas à custa da utilização dos recursos públicos.
Os políticos continuarão assim a exercer o poder público em benefício de quem lhes financia as campanhas.
Esta lei iníqua veio ainda permitir que os candidatos financiem as campanhas dos seus próprios partidos. Com esta possibilidade, como o próprio Presidente Cavaco reconheceu, “é potenciado o risco de, por via indirecta, um candidato fornecer a um partido contribuições financeiras que haja obtido junto de terceiros, sem que exista possibilidade de controlo”.
Será com base nesta legislação, que veio legalizar a ladroagem, que irá decorrer o próximo processo eleitoral. Não se augura nada de bom.