O grande problema de Espanha é hoje político, não económico.
A recuperação económica e financeira de Espanha é um facto incontestável. De visita a Washington, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, recebeu os parabéns de Obama pela viragem conseguida.
Bem sei que o banco alemão Commerzbank considerou que a grande surpresa da periferia europeia é Portugal e não Espanha. É agradável para nós esta opinião, mas parece-me um tanto exagerada: o Estado espanhol emite dívida a juros bem mais baixos do que os nossos e as exportações espanholas (incluindo o turismo) crescem ainda mais do que as portuguesas.
O grande problema de Espanha é hoje político, não económico. Não é só o independentismo da Catalunha que ameaça a unidade do Estado. No País Basco, uma manifestação de apoio aos presos da ETA juntou há dias cerca de cem mil pessoas.
É certo que a ETA mantém um cessar-fogo desde 2011. E há esperanças de que largue de vez o terrorismo (que matou mais de 800 pessoas desde os anos 60), enveredando pela luta política, como aconteceu na Irlanda do Norte. Mas ainda é tudo muito incerto. Portugal só tem a ganhar com a derrota dos separatistas em Espanha.