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Ribeiro Cristóvão

Taça a dois tempos

08 fev, 2012 • Ribeiro Cristóvão

"Com a qualificação da Académica fica desde já a promessa de festa rija no vale do Jamor, mesmo sem que não seja ainda conhecido o outro parceiro de jornada".

Quarenta e três anos depois, a “nova” Académica está de volta a uma final da Taça de Portugal.

Um direito conquistado com mérito, frente a uma equipa que antes parecia acessível, mas que valorizou muito o êxito alcançado, e confirmado num jogo de grande qualidade, que fica a honrar a história da competição.

Mesmo vencida, à equipa de Oliveira de Azeméis deve ser atribuído um forte quinhão do sucesso desta jornada da Taça, pela entrega dos seus jogadores e pela qualidade que deixaram à vista em dois jogos aos quais tinham chegado limitados a um baixo grau de favoritismo.

Com a qualificação da Académica fica desde já a promessa de festa rija no vale do Jamor, mesmo sem que não seja ainda conhecido o outro parceiro de jornada.

O que ficou à vista, ontem à noite, no estádio de Santa Maria da Feira, constitui um bom indício de um espectáculo para recordar, semelhante àquele de que apenas os adeptos mais antigos têm memória.

De facto, nos anos 67 e 69, os estudantes disputaram duas finais inesquecíveis, sobretudo a primeira, frente ao Vitória de Setúbal, em que perderam por 3-2, após um jogo e prolongamento que pareciam não mais terminar.

Esse foi o tempo do estudante-jogador e do maciço apoio da academia à sua equipa de futebol, o que hoje deixou ser regra para se transformar apenas em muito rara excepção.

Resta agora saber a quem está destinado o privilégio de também poder comparecer na festa que encerra a temporada, estando essa escolha limitada ao Nacional e ao Sporting.

Aquilo que o passado recente nos tem oferecido, recomenda moderação nas previsões.

O pormenor mais relevante tem no entanto a ver com possível eliminação dos leões.

Que, a acontecer, não deixará de se transformar numa hecatombe de consequências imprevisíveis para um clube afectado já por graves problemas económicos, e que poderá assim não resistir a mais um fracasso desportivo.