Competitividade irlandesa é elevada, mas nem tudo são rosas. A concessão de crédito de modo irresponsável levou a uma bolha que rebentou e que colocou os bancos numa situação difícil.
Portugal conseguiu ser visto como próximo da Irlanda e diferente da Grécia. É bom, mas a situação irlandesa é mais difícil do que se pensa.
A sua economia voltou a crescer, decerto. A competitividade da Irlanda continua elevada. Dublin fez uma emissão de dívida a cinco anos antes de Portugal e pagou um juro inferior ao nosso.
Mas a Irlanda enfrenta um problema que Portugal não tem. A bolha especulativa no imobiliário levou os bancos irlandeses a concederem crédito irresponsavelmente.
Quando a bolha rebentou e os preços do imobiliário vieram por aí abaixo, dois grandes bancos entraram em ruptura. Temendo o colapso do sistema financeiro, o Governo nacionalizou esses bancos. Com isso, o défice orçamental subiu cerca de 20 pontos percentuais do PIB. E o Estado ficou nas mãos com uma enorme dívida herdada dos bancos.
Após longas e difíceis negociações com o BCE, o Governo irlandês fechou ontem um acordo que permite alongar até 40 anos, com juros mais baixos, o pagamento dessa dívida.
É um passo importante, que dá sentido à severa austeridade que os irlandeses têm suportado.